-
Arquitetos: Takeru Shoji Architects
- Área: 166 m²
- Ano: 2019
-
Fotografias:Isamu Murai
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Casa Hara está localizada no pequeno vilarejo rural da cidade de Nagaoka, na província de Niigata, na costa noroeste da ilha de Honshu, a maior do Japão. O projeto surgiu como um anexo à uma série de pequenas estruturas pré-existentes como a casa dos pais, galpões de armazenamento e outros edifícios menores. Considerando que a maioria das necessidades básicas da família já estavam contempladas, concebemos o projeto da Casa Hara como uma estrutura de conexão capaz de revitalizar as demais construções existentes no local, e de forma complementar, flexível o suficiente para poder adaptar-se a novas funções e demandas que possam surgir no futuro. Demos início ao projeto considerando construir este pequeno edifício como uma extensão remota e ‘incompleta’ da casa existente. Pensando nisso, o edifício foi concebido como uma estrutura anexa às construções vizinhas e portanto, dependente delas para sua perfeita operação e funcionamento. Desta maneira, toda a pequena vila acaba por funcionar de forma complementar, fortalecendo o sentido de comunidade.
Formalmente, os arquitetos buscaram inspiração nos edifícios vizinhos, galpões construídos em estruturas de madeira e revestimentos de vinil. Esta configuração resulta em uma estrutura rígida, porém flexível, capaz de acolher todos os diferentes programas que se proponha. No projeto da Casa Hara, foram eliminados todos os espaços comuns de armazenamento, e dentro do possível, todas as partições e cômodos privativos. Como resultado disso, o interior foi transformado em um amplo espaço contínuo e aberto, o qual pode ser adaptado de acordo com as necessidades específicas de seus usuários. Pensando nisso, o edifício foi conscientemente concebido para ser dependente das demais estruturas pré-existentes, criando uma relação simbiótica que promove o uso da arquitetura existente.
O objetivo deste projeto era criar um ambiente acolhedor para a vida familiar. Um espaço integrado a uma estrutura maior, e que ao depender dela, fortalecesse a interação entre as estruturas existentes; um conjunto coeso de pequenas estruturas familiares. Seu espaço vazio e indefinido, incentiva os usuários a inventar diferentes maneiras criativas de utilizar o espaço; promovendo a apropriação desta estrutura de diversas formas e não apenas como uma casa. Com isso, prevemos que a imprecisão deste espaço sirva para promover novas formas de utilizá-lo, pois como um página em branco, as pessoas são convidadas a interagir e encontrar novas formas de ocupá-lo. Ao estabelecer uma estrutura incompleta, criamos um edifício que se estabelece como ponto focal para onde convergem todos os demais espaços e atividades da pequena vila rural de Nagaoka.
Este edifício, por fim, funciona como uma fronteira aberta entre o recinto familiar e o espaço público do vilarejo, dissolvendo as fronteiras entre o espaço público e privado e criando novas possibilidades de interação e conexão entre as demais famílias desta pequena comunidade. Desta forma estamos deixando em uma folha em branco, um espaço que possa se adaptar conforme as novas necessidades que possam surgir no futuro, com os edifícios que possam vir a ser construídos no entorno, com os novos membros que um dia povoarão este pequeno vilarejo.
Assim, a casa Hara, como sua estrutura simples e seus espaços despojados, visa conectar todas essas entidades, construindo o espaço da vida em comunidade. Ela celebra o passado e cria novas conexões com o futuro. A casa Hara é uma ‘pequena casa’ que acolhe toda a comunidade; um espaço que nos ensina como revitalizar pequenas aldeias e proporcionar conexões mais fortes entre os seus moradores.
